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OPINIÃO: Empatia

A capacidade de se colocar no lugar do outro e, de alguma maneira, entender o sentimento que acomete o semelhante circunstancial, episódica ou momentaneamente. Condição exclusivamente humana, penso eu, dada a necessidade de raciocínio lógico, razoável, ponderável, intrínseco a seres racionais tanto que ao ponto da sublimação pela emoção. Quem sabe, o primeiro passo rumo à compreensão.

O Mirador, eu fui buscar, a designa como o estado de espírito no qual uma pessoa se identifica com outra pessoa, presumindo sentir o que esta está sentindo.

Ela, a empatia, me parecia tão necessária quanto ausente.

Sim, os tempos de agora, de divisão, partição, clamores por sangue e medidas das mais drásticas na senda da fulminação do compatriota, de momento para outro transformado em mais que adversário ou oponente (o que, por si, para uma nação já seria funesto), mas efetivo inimigo em função das ideias defendidas ou simplesmente escolhidas ou, ainda pior, só suscitadas em regime de debate, me fizeram pensar o quanto faltava de empatia a nós, brasileiros fustigados, cada um com seus oceanos de dificuldades, obstáculos e frustrações impostas pelo país que em tudo nos atrapalha e em nada nos funciona.

E eis que, para a minha surpresa, encontro mais que centelha dela, mas em verdade toneladas de sua presença, em uma decisão judicial.

Sua Excelência o vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região foi extremamente empático em relação a também suas Excelências, os ministros do Supremo Tribunal Federal, ao contempla-lhes em suas sendas de, no exercício probo e altivo de suas missões defensoras da Constituição Federal, refestelarem-se com vinhos premiados, uísques de 18 anos de idade a acompanhar lagostas inqualificáveis ao senso, gosto e conhecimento comuns.

O magistrado, que mesmo ao custo de R$ 1,13 milhão para tanto, entendeu que a dignidade do STF se punha em risco, não pelo absurdo desperdício do dinheiro que nos é tomado todos os dias e dragado para o desfrute daquela gente, mas pelo risco da falta dos artigos mencionados em eventos oficiais onde as mais altas autoridades nacionais e estrangeiras compartilhariam das nababas refeições onde, então, sim, estaria exposta a própria dignidade da instituição.

Exercício puro de empatia, até simples, fez o desembargador solícito e solidário para com seus semelhantes. Ora, bastou a ele projetar, se colocar no lugar daqueles e imaginar o quão desagradável seria a ele próprio ver-se tolhido de semelhantes benesses à custa do patrimônio alheio, ou pior, não ser partícipe de tais convescotes quando, quem sabe um dia, chegasse à condição de membro deste clube onde os custos são problemas exclusivamente nossos.

Na sua percepção humana, isto seria desumano. Pela empatia decidiu e pela empatia autorizou a manutenção do que em seu senso é garantia de dignidade institucional.

Resta saber quando será, sua Excelência, empático conosco, que jantaremos mais este dissabor, de conta altíssima que, aliás, em algum momento não teremos mais como pagar.

Empatia com o dinheiro dos outros é uma barbada... Quer um pedacinho?

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